Neta de D. Miguel I e última filha de D. Miguel II, Maria Adelaide de Bragança, Infanta de Portugal, nasceu em Janeiro de 1912.
Desde muito cedo, foi testemunha de um mundo em transformação. Assistiu à
queda de impérios, viveu por dentro duas guerras mundiais e participou
activamente na resistência contra os nazis. Por duas vezes esteve presa e
em ambas foi condenada à morte. A intervenção directa de Salazar numa
delas e um desenlace surpreendente noutra permitiram que continuasse a
sua luta.
Ao chegar a Portugal, já casada, com o seu estilo sincero, directo e
inconformado, continuou a defender as ideias em que acreditava, no
auxílio aos mais desfavorecidos, desagradando a uma sociedade que
considerava a sua actuação pouco adequada a uma pessoa da sua condição.
A Infanta Rebelde mostra-nos a vida de uma figura absolutamente
ímpar na História Contemporânea de Portugal, mas, acima de tudo, o
retrato de uma mulher que teve a coragem de ultrapassar todos os
obstáculos e lutar pelo ideal que dava sentido à sua vida tornar a
sociedade, tal como a sua natureza, mais justa e benévola.
Biografia de:
Maria Adelaide de Bragança, (nome completo:
Maria Adelaide Manuela Amélia Micaela Rafaela de Bragança;
Saint-Jean-de-Luz,
31 de Janeiro de
1912 -
Almada,
Caparica,
Quinta do Carmo,
24 de Fevereiro de
2012, filha de
Miguel de Bragança e de
Maria Teresa de Löwenstein-Wertheim-Rosenberg.
Casou com
Nicolaas van Uden, no dia
13 de Outubro de
1945, em
Viena,
Áustria. Do casamento, tiveram seis filhos:
- Adrianus Sergius Antonius Maria van Uden (1946-)
- Nuno Miguel de Bragança van Uden (1947-)
- Francisco Xavier de Bragança van Uden (1949-)
- Filipa Teodora Maria van Uden (1951-)
- Miguel Ignacio van Uden (1954-)
- Maria Teresa de Bragança van Uden (1956-)
Viveu em Viena, Áustria, trabalhando como enfermeira e assistente
social. Durante a Segunda Guerra Mundial, quando havia bombardeamentos,
deslocava-se durante a noite para os locais atingidos, para prestar
ajuda às vítimas. Integrou um movimento de resistência à
Gestapo, tendo sido condenada à morte. O então
Presidente do Conselho de Ministros,
António de Oliveira Salazar,
interveio junto dos alemães, afirmando que D. Maria Adelaide era cidadã
nacional. Esta intervenção da diplomacia portuguesa resultou na sua
libertação e deportação imediata, tendo-se estabelecido na Suíça, onde
vivia o seu irmão [[Duarte Nuno de Bragança]. Após a guerra, a família
finalmente voltou para a Áustria.
Em
1949,
D. Maria Adelaide voltou para Portugal. Enquanto isso, o marido
graduou-se em medicina na Universidade de Viena, especializando-se em
doenças de pele. Mas quando Nicolaas van Uden chegou a Portugal, não lhe
foi dada equivalência, pelo que não pôde exercer a profissão. Vai então
trabalhar num pequeno labaratório de pesquisa na
Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, até que chega a oportunidade para trabalhar em parceria com a
Fundação Calouste Gulbenkian. Assim nasceu o
Instituto Gulbenkian de Ciência, que promove a investigação científica em diversas áreas desde os anos 50.
Originalmente, a família Van Uden instalou-se na Quinta do Carmo, em
Almada. A Sr.ª Maria Adelaide começou a trabalhar como assistente social em algumas iniciativas locais, dado que a
Trafaria e o
Monte da Caparica eram locais muito pobres.
Alguns círculos monárquicos em Portugal consideram que D. Maria
Adelaide, por ser neta de rei (D. Miguel I), era o único membro da
Família Bragança que poderia reclamar um direito ao trono de Portugal,
de acordo com as leis tradicionais de sucessão, em representação dos
direitos dinásticos de seu pai, Sr. Miguel, a quem os legitimistas
reconheciam a designação de D. Miguel.
Em
31 de Janeiro de
2012, data do centenário do seu nascimento, foi agraciada pelo Presidente da República
Cavaco Silva com a medalha da
Ordem do Mérito. Faleceu na
Quinta do Carmo, na
Caparica,
Almada, a
24 de Fevereiro de
2012.