O Peto apareceu na rua, ainda bebé, e lá viveu
durante doze longos anos, comendo dos caixotes do lixo. A certa altura,
duas senhoras repararam nele e foram-no protegendo como podiam,
dando-lhe comida e água. E ele por ali foi ficando. Foi recolhido duas
vezes por pessoas que o voltaram a abandonar porque, afinal, era grande
demais ou deixava a casa cheia de pelos.
Na sua vida na rua, foi agredido diversas vezes e
durante muito tempo teve dificuldade em usar as patas traseiras. Foi
também atropelado mais do que uma vez. Chegou a ser esfaqueado na
barriga. Tinha Leishmaniose, e por dormir tantos anos ao relento sofria
ainda de artrite, passando a ter de tomar medicação quatro vezes ao dia.
Foi atacado diversas ocasiões por cães com «donos perigosos» e o seu
corpo ficou marcado por várias cicatrizes.
Enfrentou duas denúncias de vizinhos, que não o
queriam ali. Numa das vezes acabou num canil para ser abatido, como
tantos outros cães vadios. Mas foram buscá-lo e ele voltou à sua rua. A
sua sorte mudou quando, um dia, Paula, reparou no cão meigo e triste que
se arrastava cheio de sangue, terra e pó. Começou por lhe limpar as
feridas. Acabou por saber a sua história e seis meses depois, em
Novembro de 2005, levou-o para casa e encheu-o de amor. Peto escapou da
morte nesse inverno.
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