sexta-feira, 16 de março de 2012

"A Infanta Rebelde" de Raquel Ochoa

Neta de D. Miguel I e última filha de D. Miguel II, Maria Adelaide de Bragança, Infanta de Portugal, nasceu em Janeiro de 1912.
Desde muito cedo, foi testemunha de um mundo em transformação. Assistiu à queda de impérios, viveu por dentro duas guerras mundiais e participou activamente na resistência contra os nazis. Por duas vezes esteve presa e em ambas foi condenada à morte. A intervenção directa de Salazar numa delas e um desenlace surpreendente noutra permitiram que continuasse a sua luta.
Ao chegar a Portugal, já casada, com o seu estilo sincero, directo e inconformado, continuou a defender as ideias em que acreditava, no auxílio aos mais desfavorecidos, desagradando a uma sociedade que considerava a sua actuação pouco adequada a uma pessoa da sua condição.
A Infanta Rebelde mostra-nos a vida de uma figura absolutamente ímpar na História Contemporânea de Portugal, mas, acima de tudo, o retrato de uma mulher que teve a coragem de ultrapassar todos os obstáculos e lutar pelo ideal que dava sentido à sua vida tornar a sociedade, tal como a sua natureza, mais justa e benévola.

Biografia de: 

Maria Adelaide de Bragança, (nome completo: Maria Adelaide Manuela Amélia Micaela Rafaela de Bragança; Saint-Jean-de-Luz, 31 de Janeiro de 1912 - Almada, Caparica, Quinta do Carmo, 24 de Fevereiro de 2012, filha de Miguel de Bragança e de Maria Teresa de Löwenstein-Wertheim-Rosenberg.
Casou com Nicolaas van Uden, no dia 13 de Outubro de 1945, em Viena, Áustria. Do casamento, tiveram seis filhos:
  • Adrianus Sergius Antonius Maria van Uden (1946-)
  • Nuno Miguel de Bragança van Uden (1947-)
  • Francisco Xavier de Bragança van Uden (1949-)
  • Filipa Teodora Maria van Uden (1951-)
  • Miguel Ignacio van Uden (1954-)
  • Maria Teresa de Bragança van Uden (1956-)
Viveu em Viena, Áustria, trabalhando como enfermeira e assistente social. Durante a Segunda Guerra Mundial, quando havia bombardeamentos, deslocava-se durante a noite para os locais atingidos, para prestar ajuda às vítimas. Integrou um movimento de resistência à Gestapo, tendo sido condenada à morte. O então Presidente do Conselho de Ministros, António de Oliveira Salazar, interveio junto dos alemães, afirmando que D. Maria Adelaide era cidadã nacional. Esta intervenção da diplomacia portuguesa resultou na sua libertação e deportação imediata, tendo-se estabelecido na Suíça, onde vivia o seu irmão [[Duarte Nuno de Bragança]. Após a guerra, a família finalmente voltou para a Áustria.
Em 1949, D. Maria Adelaide voltou para Portugal. Enquanto isso, o marido graduou-se em medicina na Universidade de Viena, especializando-se em doenças de pele. Mas quando Nicolaas van Uden chegou a Portugal, não lhe foi dada equivalência, pelo que não pôde exercer a profissão. Vai então trabalhar num pequeno labaratório de pesquisa na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, até que chega a oportunidade para trabalhar em parceria com a Fundação Calouste Gulbenkian. Assim nasceu o Instituto Gulbenkian de Ciência, que promove a investigação científica em diversas áreas desde os anos 50.
Originalmente, a família Van Uden instalou-se na Quinta do Carmo, em Almada. A Sr.ª Maria Adelaide começou a trabalhar como assistente social em algumas iniciativas locais, dado que a Trafaria e o Monte da Caparica eram locais muito pobres.
Alguns círculos monárquicos em Portugal consideram que D. Maria Adelaide, por ser neta de rei (D. Miguel I), era o único membro da Família Bragança que poderia reclamar um direito ao trono de Portugal, de acordo com as leis tradicionais de sucessão, em representação dos direitos dinásticos de seu pai, Sr. Miguel, a quem os legitimistas reconheciam a designação de D. Miguel.
Em 31 de Janeiro de 2012, data do centenário do seu nascimento, foi agraciada pelo Presidente da República Cavaco Silva com a medalha da Ordem do Mérito. Faleceu na Quinta do Carmo, na Caparica, Almada, a 24 de Fevereiro de 2012.

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